As enguias escorregam-nos das mãos com engenho. São esguias.
Não enganam. Olhamos e sabemos que é assim.
Têm uma espécie de fuga honesta, se é que alguma fuga pode ser honesta.
A areia, pelo contrário, parece espessa e firme.
Deixa-nos mesmo agarrá-la e convencer-nos de que nos pertence.
A ilusão dura até ao momento em que fechamos a mão. Traiçoeira, foge-nos por entre os dedos qual animal asfixiado.
E consegue.
Não sendo esguia consegue concretizar uma fuga lenta mas eficaz.
A frustração que fica quando a areia nos foge por entre os dedos é uma frustação de expectativas.
Ao contrário da enguia cuja agitação, rebelde, não nos engana, a areia faz-nos acreditar, por momentos, que a podemos possuir.
Moral da história:
A areia é boa para mexer e rebolar mas nunca para levar para casa.
Que o diga o aspirador doméstico entupido de grãos finos quando chegam os dias de sol.
As enguias, essas, são boas para comer mas nunca para agarrar.
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