5 de dezembro de 2007

A confiança, esse estranho fenómeno

A CIA, como central de informações que é, assenta nas fontes e na credibilidade das mesmas.
Como tal, criou uma hierarquia de fontes, consoante os graus de credibilidade que cada uma delas merece:

Grau A - Completamente fiável. Aqui podemos dizer que só temos em conta informação da própria organização, no que diz respeito a dados quantitativos internos e/ou públicos

Grau B - Normalmente confiável

Grau C - Razoavelmente confiável

Grau D - Não é por norma confiável

Grau E - A confiabilidade não pode ser determinada

A maioria das fontes recairão nas categorias A e B, enquanto que no caso de novas fontes, estas provavelmente recairão na categoria E. Normalmente, o decorrer do tempo fará com que uma fonte passe de uma categoria para outra.

Até aqui tudo certo. Mesmo que a CIA fosse, como alguém pensa, o Culinary Institute of America e não a Central de Informação. Todos nós classificamos as nossas fontes desta forma empiricamente, mesmo não lhe dando esta categorização tão sistematizada.

Quando conhecemos alguém tratamos de colocá-la no Grau E e, á medida que o tempo e a relação se vão aprofundando, irá ser promovida a Grau A ou B. Naturalmente.

E quando conhecemos e privamos com alguém durante anos e não conseguimos tirá-lo do Grau E?
Acontece. Não gostamos menos de alguém por isso. O mistério até é, em muitos casos fonte de atracção.
E, além do mais, nós não somos a CIA e podemos ser atraídos pelo desconhecido.
Já Heraclito dizia que o oculto é o perigo e o perigo, convite a aderir ao oculto.

Mas o que dizer daqueles que, no minuto em que os conhecemos sabemos instintivamente que são confiáveis?
O que acontece no nosso cérebro? Que química é essa que nos leva a confiar cegamente em estranhos com a convicção absoluta de que são estranhos mas de confiabilidade de Grau A?
Que código é esse que transmitimos uns aos outros e que o nosso cérebro consegue descodificar sem percebermos como?
Quão indecifrável é a essência humana?
Que diremos nós aos outros sobre nós mesmos nos momentos de silêncio aparente?
Muito, concerteza.
Chamo-lhe intuição mas confesso que não sei o que é verdadeiramente a intuição.

Resta-me agradecer aos amigos que confiam em mim e regozijar-me por ter amigos de Grau A.

2 comentários:

.Fer. disse...

Feliz daqueles que encontram os de Grau A então. Eu até hoje encontrei poucos; possíveis de se contar nos dedos de uma só mão e ainda sobrar dedos...

Beijo grande.

frebelo disse...

É verdade. As boas "fontes" são escassas. Mas talvez assim sejam mais fáceis de gerir. E valorizar!
Boa sorte